Uma imagem astronômica de mais de 70 anos está intrigando cientistas. Produzida no início da década de 1950, durante um projeto do Observatório de Palomar, na Califórnia, ela mostra nove pontos luminosos alinhados no céu, entre as estrelas. Embora pareçam se assemelhar aos satélites Starlink ou estações espaciais em órbita da Terra, a imagem foi capturada antes mesmo do lançamento do Sputnik-1, o primeiro objeto enviado ao espaço. A origem desses pontos luminosos permanece desconhecida.
Para um grupo de cientistas, os nove pontos brilhantes podem ser evidências de uma inteligência extraterrestre: eles argumentam que os objetos das fotos não podem ser explicados como asteroides ou meteoros, porque seriam escuros demais para aparecer ou deveriam ter sido fotografados como rastros brilhantes. Depois de analisar os registros, eles concluíram que as luzes não poderiam ter sido causadas por aviões ou por alguma outra explicação astrofísica conhecida.
À esquerda, uma foto do levantamento em 1950 com as luzes circuladas ; à direita, uma imagem da mesma área do céu, feita em 1996 (Imagem: Reprodução/Villarroel et al/ Nature)Mesmo assim, é importante manter a cautela e lembrar que ainda não há nenhuma prova definitiva da origem extraterrestre das luzes. Elas podem muito bem ter sido causadas por outros processos e fenômenos naturais. A equipe liderada por Beatriz Villarroel, que estudou as fotografias, sugeriu que a presença dessas luzes pode dar suporte para a busca de outras assinaturas mais claras de possíveis detritos e satélites em órbita ao redor da Terra.
Uma equipe de cientistas destacou que o número de pontos brilhantes nas placas é bem acima do esperado para fenômenos naturais, como microlentes gravitacionais ou rajadas rápidas de rádio. No entanto, eles também consideram a possibilidade de que as luzes possam ser o resultado de contaminação das placas e, portanto, serem simplesmente artefatos técnicos. Como ainda não haviam satélites artificiais em órbita na época das fotos, as luzes poderiam ter sido originadas por testes nucleares, mas até onde se sabe, não havia nenhum procedimento do tipo sendo conduzido no local e horário em que as placas foram produzidas. Por isso, a equipe de Beatriz Villarroel, em um novo artigo, tenta explicar o que pode estar por trás das luzes.
As rajadas rápidas de rádio são emissões altamente energéticas de ondas de rádio, que duram poucos milissegundos (Imagem: Reprodução/ESO/M. Kornmesser)Mas caso esse cenário seja descartado, a equipe propõe que as luzes possam ter vindo de reflexos da luz solar em objetos próximos em órbitas geossíncronas. Eles sugerem comparar imagens de outro levantamento conduzido na mesma década para verificar se algum deles também mostra múltiplos eventos transientes alinhados como aqueles que aparecem na placa.
Mesmo que não tenham origem extraterrestre, os autores ressaltam em outro artigo que as luzes são cientificamente significativas. Na conclusão, a equipe explica haver uma série de incertezas relacionadas a uma resposta definitiva sobre a autenticidade dos transientes, e uma delas é entender totalmente os fenômenos por trás das fontes luminosas que “podem ser originadas de processos completamente diferentes”.
Os estudos que apresentam os resultados foram divulgados nas revistas científicas Acta Astronautica e Scientific Reports, enquanto um artigo sem revisão por pares foi disponibilizado no repositório online arXiv.
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