Terra pode não ter sido completamente coberta por gelo no passado
Um novo estudo sugere que, quando a Terra foi coberta por gelo no passado, podem ter surgido regiões habitáveis e livres do gelo longe do equador do planeta.
É possível que a Terra não tenha sido uma "bola de neve" totalmente coberta por gelo no passado, e talvez até tenha apresentado oceanos com condições para a vida longe da zona equatorial. É o que propõem cientistas da China e do Reino Unido, que analisaram a composição química das argilas na Formação Nantuo, no sul da China.
Nosso planeta tem mais de 4 bilhões de anos, tempo mais que suficiente para passar por uma série de mudanças. Uma delas parece ter ocorrido entre 600 e 700 milhões de anos atrás: os cientistas consideram que, ao longo de dois períodos diferentes, a Terra foi como uma "bola de neve", coberta por gelo dos polos ao equador.
Alguns pesquisadores propõem que o gelo se estendeu por todas as latitudes, mas outros argumentam que as zonas equatoriais podem ter sido relativamente livres de gelo e podem podem ter apresentado regiões com mar aberto e livre da camada congelada. No novo estudo, os autores apoiam este cenário.
Eles analisaram uma fina camada de rocha escura enterrada na Formação Nantuo, que preservou traços dos sedimentos deixados pelas geleiras do processo de "congelamento" do nosso planeta.
A camada parece ter estado submersa durante a chamada Era do Gelo Marinoana, iniciada há 650 milhões de anos. Por isso, ela é como um "arquivo" das condições dos oceanos naquele período. Os cientistas descobriram que as rochas preservaram traços de sedimentos deixados pelas geleiras do período; no interior, havia vestígios microscópicos de uma espécie de alga, ou seja, um organismo complexo.
Como as algas precisam da luz solar para a fotossíntese, a presença dos vestígios sugere que, mesmo quando era uma "bola de neve", a Terra teria áreas livres de gelo, que permitiriam a passagem da luz solar. Com base no local onde os estes fósseis foram encontrados, estas áreas parecem ter aparecido em latitudes médias, longe do equador da Terra, ao fim do período Marionoano.
Os autores observam que, talvez, as "lagoas" de água derretida das geleiras tenham permitido que organismos conseguissem oxigênio e luz. Por outro lado, eles consideram pouco provável que estes lagos tenham matéria orgânica suficiente para sustentar ciclos de carbono e nitrogênio, necessários para a sobrevivência desses seres.
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